Hoje ao acessar o Facebook eu recebi a triste notícia da passagem do Professor Celso Frateschi, filho do Sr. Galileu Frateschi e segundo administrador das Indústrias Reunidas Frateschi da qual surgiu a Frateschi Trens Elétricos de Ribeirão Preto, SP. Ele faleceu ontem dia vinte-e-cinco de fevereiro e a cerimônia de sepultamento acontecerá hoje.
Um pouco da minha história no hobby do Ferromodelismo:
Esta é uma mensagem enviada ao amigo Álex da Apite Ferromodelismo da cidade de Sorocaba, SP)
Ontem eu estava triste, eu devia ter terminado a base da minha maquete e fiz nada... Além disso as incertezas jurídicas (do nosso país) que podiam piorar (a nossa vulnerabilidade econômica). Uma sensação que amarrou-me em casa e tudo remetia a tempos de quando eu tinha 18 anos eu queria ter essa maquete terminada e até hoje ela não está. Se eu tivesse sabido dessa notícia ontem, o dia teria sido ainda mais pesado para mim.
primeira imagem de um trem da Frateschi que eu vi aos oito anos
De fato, o Sr. Celso Frateschi foi o trampolim para gente da minha geração e das seguintes (no Ferromodelismo). A ATMA (a pioneira no hobby no Brasil) é da época em que eu tinha quatro anos de idade. Eu conheci um trem da Frateschi pela revistinha de um coleguinha do terceiro ano primário na escola aos oito anos e a primeira vez em que eu vi as caixas básicas foi aos 11 na antiga loja Jumbo Eletro de Campo Grande. Só que eu só tive dinheiro para comprar o primeiro trilho flexível de latão aos 18 anos. Vocês não sabem a humilhação que eu passei por ter que ir à antiga HOriginal Modelismo (com um parente) para comprar só um trilho. Eu voltei de São Paulo para Campo Grande com aquele embrulho com trilho no ônibus e tendo todo cuidado para não danificá-lo e eu amava sentir aquele aroma de metal e plástico da Frateschi. - Como eu gostaria de ter uma fotografia daquele momento no ônibus em retorno para Campo Grande em noite fria. - O embrulho estava rasgado na ponta um pouco para eu sentir aquele aroma. Depois de alguns meses eu comprei um vagão caboose ATMA do assistente técnico autorizado da Frateschi o Sr. Walter Kerschbaum que morava aqui e que muito ensinou-me sobre o hobby inclusive a ler letras em alemão. Que Deus possa fazê-los reencontrar-se no Céu.
Nota: Foi através de uma revista de modelismo que eu comprei numa banca de revistas em 1991 que eu achei um anúncio da Frateschi e eu escrevi para lá. Foi após receber essa revista que eu achei o contato do Sr. Walter listado na página de assistentes técnicos autorizados.
Além dessa declaração, eu lembro de uma tarde cálida quando eu estava deitado em minha caminha, eu tinha quatorze anos de vida. Eu já tinha enviado uma cartinha para a Frateschi para dizer como eu conheci a empresa através de uma loja local que apresentou-me ao Sr. Walter cujo passou o endereço da Frateschi para mim e para pedir por um catálogo. O Sr. Celso enviou uma carta que eu ainda não sei se eu tenho-a guarda porque eu perdi algumas publicações por causa de infestação de cupim que houve no meu bairro. Mas a revistinha da Frateschi eu ganhei e foi por ela que eu conheci a locomotiva Consolidation e tive noção de paisagismo em miniatura com base na imagem da capa e passei a receber os Informativos Frateschi (IF) que passaram a ser impossíveis de serem enviados para todos os clientes por causa do custo e da quebra da economia pelo Fernando Henrique Cardoso junto com o porco George Soros para arrochar a população para cair em desespero e votar no quadrilheiro internacional o vagabundo semi-alfabetizado de Garanhuns. Com o advento da Internet, a Frateschi foi aos poucos aumentando a penetração no mercado e seus produtos mesmo que primeiramente através de imagens passaram a chegar a mais público que tornou-se em novos clientes. O resultado dessa conquista está realizado para todos nós vermos. Mas voltando a escrever sobre a revistinha, eu senti muita vontade de montar uma maquete após ver aquela da foto da capa dela e até hoje eu nunca consegui comprar uma Consolidation que é a locomotiva mostrada naquela imagem. E quando eu podia eu tive que investir fosse na saúde fosse em outros itens mais necessários para a maquete. Mas foi a partir daquela imagem que eu vi que a Frateschi tinha muito potencial para fazer produtos caprichados e na escala correta (HO = 1:87), o que passou a ser um pedido constante da clientela e hoje a empresa está lançando produtos na escala correta, não a inglesa (OO). Eu ainda quero ter essa locomotiva da foto da capa cuja edição quando eu vejo-a ela faz-me sentir a mesma emoção que eu tive assim que eu abri o envelope. Eu sinto como se eu voltasse aos quatorze anos de idade naquela tarde cálida. Como eu dizia acima, eu estava deitado em meu quarto e naquela época não havia internet, havia nada para fazer e tão pouco dinheiro e quando eu escutei o carteiro a bater palmas na frente de casa eu fui lá pegar a correspondência e quando eu vi que aquilo era um envelope da Frateschi, aquilo foi um momento mágico, conhecer uma maravilha. A partir daí a minha gana de buscar mais informação sobre o hobby no Brasil e no exterior surgiu. Quatro anos depois em 1994 as revistas internacionais chegaram à minha cidade e entre elas chegaram as edições da Model Railroader Magazine. Daí o mundo de informações sobre o hobby caíam diante os meus olhos como uma grande queda d'água como a do Rio Iguaçu. E a internet só multiplicou essa distribuição de informação que aguça a nossa habilidade de reproduzir detalhes de trens e cenários ferroviários em nossas maquetes, até mesmo desenvolvendo novos dons profissionais em cada um que teve contato com a arte chamada Ferromodelismo, ou como dizia o Sr. Celso: Ferreomodelismo.
Que o herdeiro Lucas, filho do Professor Celso Frateschi, possa multiplicar mais ainda o legado deixado pelo pai e que melhoramentos sejam encarados como fortalecimento.
Por fim, embora essas palavras possam parecer leves ou fracas e até covardes (pequenas) da minha parte, porque só o Lucas sabe o que está a sentir, eu peço a Deus sob intercessão de Nossa Senhora e São José muita sabedoria para que o Lucas possa ser forte e que cada lembrança de tantos momentos com o pai possa trazer sorrisos e novas inspirações a ele.
Sinceros votos,
Cristiano Arruda
Link de download da cópia digitalizada da revista que eu recebi em 1991:
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